quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Surpresa. Estou simplesmente speechless. <3

Eu sempre começo a primeira aula de redação do ano com uma aula inaugural específica. Essa aula é sobre o valor da escrita.
Parto do pressuposto que nada vem do nada. Portanto, alguém só se dedica a se esforçar por algo se ganhar alguma coisa com isso. O prêmio padrão que a gente sugere é o vestibular que, de fato, é a preocupação mais imediata que existe.
Uma segunda preocupação, bem real, diga-se de passagem, é a comunicação interpessoal propriamente dita. Afinal, boa parte (boa mesmo) da interação humana hoje é verbal e escrita. Do memorando da emprea até aquelas mensagens safadas que você troca no whatsapp (yeah, we know it!) o uso da língua é constante.
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Tudo isso é real e muito verdadeiro. Mas é meia verdade. E falta a outra metade.
Escrever não é apenas transmitir ideias. Também é organizá-las. Colocar suas ideias em palavras é não apenas registrá-las, mas também estruturá-las. Estruturando-as as reconhecemos. E as reconhecendo, nos reconhecemos. Quem tem o prazer de escrever tem o prazer de revisitar seus escritos e perceber o quanto mudou e se recriou.
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Mário de Andrade disse a Fernando Sabino, quando questionado se a Arte demandava obrigatoriamente a insatisfação, respondeu que não, e que se ele só conseguisse escrever se insatisfeito “nunca deveria ter pegado numa caneta, pra começar”.
Acho isso meio pesado, indeed, especialmente porque entre o escritor e aquele que escreve há uma distância terrível: todos deveriam escrever, mas nem todos seriam escritores.
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Uma das coisas que eu mais sinto falta na década de 2000 é da explosão dos blogs.
Na época, como esse era o meio mais fácil de publicar na internet, os criativos se direcionaram pra isso. Hoje temos twitter, instagram, facebook, tumblr and god-know-what-else, plataformas muito mais simples de publicação. E na minha opinião, muito mais rasas. É difícil achar um blog novo. E é difícil achar um blog bom novo.
Pessoas que escrevem blogs acabam tendo outra prioridade. Querem expor suas ideiasa tantos quanto possível, não apenas aos seus “seguidores”. Tecnicamente (e novamente na minha opinião) blogs acabam trazendo à tona mais pessoas interessadas em falar do que em serem reconhecidas. Posso estar errado, mas os blogs anônimos são um bom exemplo disso.
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Estou me deliciando ultimamente com o http://birdywithabrokenwing.blogspot.com.br/.
Não faço a putíssima ideia de quem é a pessoa. Não é um blog de pretensões literárias. Na verdade, está muito próximo do que o Homem-Hipotérmico chamava de blog “suco de maracujá”. São narrativas a respeito do cotidiano da autora.
Mas cara… é bonito.
É bonito ver alguém colocando escrevendo a própria vida (lembrando que escrever é organizar) e fazia tempo que eu não me inscrevia num feed.
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Resumindo, fica aqui a puxada de saco da semana.

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